Quais são as principais doenças hematológicas?
A área da hematologia é bastante ampla, incluindo tanto doenças benignas quanto malignas. Em relação às condições benignas, são bastante prevalentes e de mais fácil tratamento. As doenças malignas (onco-hematológicas) são raras e exigem um tratamento mais especializado.
Principais doenças hematológicas benignas:
- Anemias;
- Trombocitopenia imune;
- Tromboses e trombofilias;
- Distúrbios do metabolismo do ferro – hiperferritinemia e hemocromatose.
Principais doenças hematológicas malignas:
- Leucemias agudas e crônicas;
- Linfomas;
- Mieloma múltiplo;
- Síndrome mielodisplásica;
Nos tópicos abaixo explicamos, de forma resumida, as principais doenças hematológicas. Confira!
Anemias
A anemia é a doença hematológica mais prevalente. De um modo geral, definimos anemia como qualquer condição em que há déficit de hemoglobina e/ou glóbulos vermelhos. Há inúmeros subtipos de anemia, com diferentes causas e tratamentos.
Temos anemias causadas por déficit de substâncias essenciais, como ferro, vitamina B12 e ácido fólico, onde o tratamento é a reposição do componente em déficit.
Há também anemias hereditárias, causadas por alterações nos genes responsáveis pela produção de hemoglobina: anemia falciforme, talassemias, entre outras.
Anemias também podem ser causadas por destruição de glóbulos vermelhos por auto-anticorpos, sendo muitas vezes necessário o uso de corticoides e imunossupressores nestes casos.
Devemos lembrar também que a anemia pode ser um sinal de várias doenças, sejam doenças hematológicas primárias (ex: leucemias, mieloma múltiplo) ou doenças outras (hipotireoidismo, insuficiência renal crônica, tumores sólidos, etc).
Os principais sintomas de anemia são: palidez anormal; fadiga e cansaço excessivos; tontura; baixa tolerância aos esforços; palpitação.
Trombocitopenia Imune
As plaquetas, ou trombócitos, são células responsáveis pela coagulação do sangue. Podemos observar tanto aumento quanto redução do número normal de plaquetas.
Quando falamos em redução do número, estamos frente a um quadro de trombocitopenia. A principal causa de trombocitopenia é imune – as plaquetas são destruídas precocemente por auto-anticorpos.
A depender do número de plaquetas, manifestações hemorrágicas espontâneas podem surgir, quando devemos tratar tal condição.
Tromboses e Trombofilias
A trombose ocorre quando há formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias ou artérias, bloqueando o fluxo sanguíneo e com potencial de embolizar para outros vasos. A depender do vaso e local afetado, as consequências de uma trombose podem ser bastante sérias.
Trombofilias são condições genéticas ou adquiridas que se caracterizam pela predisposição aumentada à ocorrência de eventos trombóticos, sejam arteriais ou mais comumente venosos. É de extrema importância o seu reconhecimento, visto o tempo de anticoagulação ser diferente na presença de uma trombofilia bem documentada.
Distúrbios do Metabolismo do Ferro
Compreendem condições associadas tanto ao déficit quanto à sobrecarga de ferro.
Quando temos uma deficiência de ferro, esta pode evoluir para uma anemia secundária à deficiência de ferro. Um déficit de ferro ocorre quando há um desequilíbrio entre ingestão, absorção e situações que envolvam demanda aumentada (gravidez e amamentação) ou perda crônica progressiva de ferro (sangramentos). A anemia ferropriva é responsável por cerca de 75% dos casos de anemia do mundo.
A sobrecarga de ferro pode ser primária (hemocromatose hereditária) ou secundária a diversas condições clínicas.
Ainda, podemos ter uma alteração laboratorial – hiperferritinemia – sem que haja sobrecarga de ferro propriamente dita.
Leucemias
As leucemias são neoplasias hematológicas que acometem as células-tronco hematopoiéticas da medula óssea. Após estas sofrerem alterações genéticas, passam a se proliferar e diferenciar de modo anômalo, prejudicando toda a produção de células do sangue.
As leucemias podem ser divididas em agudas ou crônicas, em subtipos linfóide e mielóide. Assim, existem quatro combinações possíveis:
- Leucemia Mieloide Aguda (LMA);
- Leucemia Mieloide Crônica (LMC);
- Leucemia Linfoide Aguda (LLA);
- Leucemia Linfoide Crônica (LLC).
As leucemias agudas correspondem a urgências hematológicas, devendo ser tratadas imediatamente. Já as leucemias crônicas têm um caráter indolente, podendo não necessitar de tratamento (casos de LLC) ou muitas vezes respondendo muito bem a medicações orais usadas por tempo prolongado (maioria dos casos de LMC).
O diagnóstico correto e precoce é a melhor arma contra a leucemia, que pode ser curada ou bem controlada com o tratamento adequado.
Linfomas
Os linfomas são neoplasias hematológicas que afetam o sistema linfático, especialmente os gânglios linfáticos.
A doença é dividida em dois tipos principais:
- Linfoma de Hodgkin: acomete principalmente jovens e idosos acima de 75 anos;
- Linfomas não-Hodgkin: grupo bastante heterogêneo de linfomas, variando de formas indolentes a agressivas, origem em linfócitos B, T ou NK;
Os principais sintomas de um linfoma são: aumento dos gânglios na região do pescoço, axilas e virilhas; febre e sudorese noturna; prurido, perda de peso; entre outros.
É importante diagnosticar o subtipo específico de linfoma para que o tratamento mais adequado seja implementado. Para isso, exames de imagem e biopsia do gânglio acometido são essenciais.
Mieloma múltiplo
O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica com origem nos plasmócitos, células responsáveis pela produção de anticorpos. Quando estes plasmócitos se tornam anômalos, passam a produzir proteínas monoclonais em excesso, com potencial de causar danos orgânicos. Essa doença afeta principalmente idosos acima de 65 anos, é mais prevalente no sexo masculino e em pessoas de etnia negra.
Os principais sintomas de mieloma múltiplo, são: fraqueza e indisposição, dor nos ossos e fraturas ósseas espontâneas; infecções recorrentes; perda de peso sem motivo aparente; entre outros.
O tratamento do mieloma múltiplo é individualizado, envolvendo na maioria das vezes esquemas de quimioterapia e transplante autólogo de medula óssea.
Síndrome mielodisplásica
As mielodisplasias ou síndromes mielodisplásicas, correspondem a um grupo de doenças resultantes de uma proliferação anormal das células da medula óssea, causada por defeitos de maturação. O acúmulo de células anormais acaba por comprometer a produção de células saudáveis, podendo haver anemia, plaquetopenia e neutropenia.
Existem diversos tipos de síndrome mielodisplásica, com diferentes apresentações clínicas e níveis de gravidade. Alguns casos de mielodisplasia podem evoluir para uma leucemia aguda.
Os principais sintomas dessa condição são os seguintes: fadiga e fraqueza; infecções recorrentes; sangramentos espontâneos; perda ponderal; entre outros.
Os tratamentos para a síndrome mielodisplásica são bastante variáveis e são definidos de acordo com características da doença e do paciente. Alguns exemplos: suporte transfusional; uso de medicamentos hipometilantes e imunomoduladores; quimioterapia; transplante alogênico de medula óssea.
Para saber mais a respeito das doenças hematológicas, consulte o nosso site.
INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dra. Aliana Ferreira Especialista em onco-hematologia e transplante de medula óssea.Médica formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Fez residência médica em Clínica Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em Hematologia e Hemoterapia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e em Onco-hematologia e Transplante de medula óssea pelo Hospital Sírio Libanês.
CRM-SP nº 158591